Encontre uma escola
Não há como educar sem uma filosofia educacional, sem responder primeiramente o que é a educação. A filosofia é uma meta-disciplina que está na base de outras disciplinas pois ela é responsável por estudar as perguntas que fundamentam o entendimento de um determinado assunto. A partir do entendimento do que é educação, é possível tomar decisões acertadas para executá-la.
Na Pactum, nossa filosofia educacional contempla que o homem é uma criatura feita por Deus para glorificá-lo e alegrar-se em seu Criador. Deus o dota de habilidades e capacidades para exercer domínio sobre a natureza a fim de produzir cultura, para viver em sociedade, e para relacionar-se com Deus. No entanto, na queda, o homem perdeu o equilíbrio que o permitia conduzir bem suas habilidades e capacidades. No lugar de ser cuidar por ele, a terra recebeu a maldição do pecado; a sociedade passou a viver em desarmonia; o homem se afastou de Deus. Por isso a educação se faz tão importante.
A educação deve redirecionar o homem à luz e a Verdade para que ele possa exercer aquilo que ele foi feito para fazer. Deve-se lembrar, no entanto, que a educação é dependente da ação do Espírito Santo, que atua no coração para moldar as afeições. O homem não é uma máquina programável. À semelhança de Deus, o homem foi criado como um ser espiritual, relacional, racional, moral, e livre (volitivo). Ele é um ser espiritual para discernir as coisas espirituais; ele é um ser relacional, o que implica em ser um adorador; ele é um ser racional, capaz de compreender o mundo em sua volta; ele é um ser moral, capaz de discernir certo e errado; e ele é livre, capaz de anseios e vontades que guiam suas ações e escolhas. Como diz Calvino: “E que levemos em conta esta distinção: que o homem com certeza é quem deseja pecar, dado estar viciado desde a queda, não podendo se movido nem agir a não ser para o mal. Não forçado, nem coagido, mas por uma afecção da alma em tudo propensa. Não por uma coação violenta, não por uma coação exterior: pelo movimento da própria libido, que é a depravação da natureza.” (p277) E, citando Bernardo, “Assim, a alma, por algum modo admirável e malévolo, é tida, até certo ponto, subjugada àquela necessidade voluntária e mal liberta, como serva e livre: serva, em razão da necessidade, livre, em razão da vontade, e o que é mais admirável e mais miserável, porque livre, ré e serva por isso: porque ré, e, por isso, é serva pelo que é livre.”
Com isso, entendemos que a educação não é uma ciência exata, na qual a aplicação de determinados recursos garante resultados previsíveis. A educação é uma arte pois exige sensibilidade e adaptação, compreensão profunda das pessoas, dos contextos e das necessidades individuais para criar um ambiente de aprendizagem estimulante. A educação, no entanto, encontra-se limitada a ensinar o que é verdadeiro, bom e belo, e esperar com esperança, a condução do Espírito Santo para mudar os desejos em estado de queda ao estado de graça. Nosso papel como educador é demonstrar e amar a piedade. O conceito de piedade (pietas) ensinado por Calvino é descrito em seu primeiro catecismo: “A verdadeira piedade consistem em um sentimento sincero que ama a Deus como Pai e O reverencia como Senhor; apropria-se de sua justiça e teme mais ofendê-lo do que enfrentar a morte” (Beeke,p44)